- Badalu Educação Musical
- há 3 dias
A gente fala tanto em musicalidade, brincar, criar… mas será que entende mesmo o quanto a primeira infância é decisiva nesse processo? Tem quem ache que “ainda é cedo”, que música vem depois, que bebês só assistem. Mas quem convive com crianças pequenas sabe: é agora que tudo começa a se formar.
Os primeiros anos são de pura abertura. O cérebro tá ali, borbulhando de conexões. O corpo quer experimentar, o ouvido tá atento a tudo. E é nesse terreno fértil que a musicalidade pode crescer — se tiver espaço, presença e afeto.
A neuroeducadora Anita Collins fala disso com clareza: quando a criança tem vivências musicais consistentes desde cedo, o cérebro se conecta de maneiras que nenhuma outra atividade proporciona. E o resultado vai muito além da música: envolve linguagem, memória, atenção, criatividade.
Autores como Edwin Gordon (com a Teoria de Aprendizagem Musical) e Lev Vigotski (com a Psicologia Histórico-Cultural) também ajudam a gente a entender por que isso é tão potente. E mais importante: por que faz diferença como a gente propõe música nesse momento da vida.
Pontos que ajudam a clarear
Vivência vem antes do “ensinar”
Criança pequena não aprende porque a gente ensina. Aprende porque vive. Escuta, repete, brinca, inventa. Quando isso acontece com liberdade e escuta verdadeira, a musicalidade floresce. Gordon chama esse processo de audiação — a escuta que acontece por dentro, mesmo sem som externo. Vigotski explicaria isso como pensamento nascendo da ação concreta.
A música vem como a fala: começa ouvindo
A gente não cobra que um bebê fale antes de escutar, certo? Com música é a mesma coisa! A escuta vem antes da expressão dentro da sintaxe! Primeiro, a criança se banha em sons, explora, imita... e então começa a entender conscientemente — e só então formaliza.
Ninguém aprende sozinho
Os aprendizados musicais são construídos nas trocas, nas relações. O adulto que canta olhando nos olhos, o ambiente que convida... é no encontro com o outro que o pensamento se expande.
No fim das contas…
A gente não precisa (e nem deve) esperar a criança “crescer” pra começar. A primeira infância é agora. E oferecer música com presença, intenção e liberdade de criação é uma das formas mais lindas de cuidar da infância e das potências humanas que florescem com ela.
Quer se aprofundar mais nesse papo? Esse texto foi inspirado no artigo:"Imaginação e criação na infância: diálogos iniciais entre a Teoria de Aprendizagem Musical de Edwin Gordon e a Psicologia Histórico-Cultural de Lev Vigotski" Disponível aqui https://www.researchgate.net/publication/391907731_Desconstruindo_barreiras_o_que_Gordon_e_Vigotski_nos_ensinam_sobre_o_aprendizado_musical_na_primeira_infancia
